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Bitcoin: cinquenta meses em cinco

Artigos

João Marco Braga da Cunha

Gestor de Portfólios na Hashdex

Texto publicado originalmente no Guia Financeiro da Guide Investimentos

 

É provável que você tenha ouvido falar mais sobre Bitcoin nos últimos cinco meses do que nos dois anos anteriores. O principal motivo para isso é, certamente, a expressiva valorização que, durante esse período, tirou o Bitcoin da casa dos 10 mil dólares, levou-o à máxima até então de 20 mil dólares, registrada três anos antes, dobrou tal marca, atingindo os 40 mil dólares e foi além. Mas o que explica tamanha valorização em um espaço temporal tão curto?

 

Primeiramente, é importante entender o que ocorreu antes. Os criptoativos e, em particular, o Bitcoin haviam atraído a atenção de boa parte dos grandes investidores institucionais por sua rápida recuperação após a fase mais aguda da crise causada pela COVID-19, em março. Além disso, houve o endosso de renomados investidores, como Paul Tudor Jones, e a compra de Bitcoin por empresas listadas, notadamente, a Microstrategy e a Square, de Jack Dorsey, CEO do Twitter. Em suma, muitos investidores institucionais consideravam a entrada em Bitcoin ou outros criptoativos.

 

Até que, em outubro, veio a centelha que faltava: o PayPal anunciou que passaria a disponibilizar serviços de transação e armazenamento dos quatro principais criptoativos para seus clientes nos EUA. Esse aval da gigante de pagamentos era o que faltava para colocar em ação uma boa parcela de investidores institucionais. A partir daí, o que se viu foi um crescimento enorme na procura por Bitcoin e o consequente aumento dos preços.

 

Não obstante, de outubro para cá, houve diversas outras notícias positivas que sustentaram tal valorização. Outros famosos investidores como Stanley Druckenmiller, ex-sócio de George Soros, e Rick Rieder, CIO da BlackRock, endossaram o Bitcoin. A própria BlackRock solicitou autorização para que dois de seus fundos tenham exposição ao Bitcoin, seguindo o exemplo de outras grandes gestoras como AllianceBernstein e Guggenheim. Do ponto de vista regulatório, tivemos a liberação para os bancos americanos utilizarem cripto para transferências e liquidações e a posse de um novo presidente na SEC, Elad Roisman, conhecido por seu viés pró-cripto.

 

Porém, é provável que a notícia que mais impactou o mercado desde outubro tenha sido o anúncio de que a Tesla, uma das empresas mais faladas no mercado atual (para o bem ou para o mal), teria comprado 1,5 bilhões de dólares em Bitcoin e vislumbra, num futuro próximo, aceitar a moeda digital para pagamentos. Vale lembrar que a Tesla é uma das dez maiores empresas dos EUA e é liderada por Elon Musk, homem mais rico do mundo e conhecido entusiasta do Bitcoin. A notícia fez o Bitcoin saltar mais de 40%, passando dos 48 mil dólares.

 

Em suma, muita coisa aconteceu nos últimos cinco meses com o Bitcoin e os outros criptoativos. Essa nova classe de ativos passa por uma transição do excêntrico para o corriqueiro e é de se esperar que novas figuras importantes dos mercados tradicionais venham a aderir em breve. Vejamos o que os próximos meses revelarão.

 

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