“Prognósticos só no fim do jogo”. Essa pérola, uma das muitas proferidas pelo jogador de futebol português João Pinto, esconde uma verdade inegável: é mais fácil (e mais seguro) fazer previsões sobre o passado do que sobre o futuro. No mundo dos investimentos, esse fato tem como corolário o tradicional disclaimer “rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura”. Isso não significa, porém, que não se possa aprender lições valiosas para o futuro a partir de uma análise dos acontecimentos passados. É o que tentaremos fazer a seguir.
Imaginemos um visionário investidor que comprou Bitcoins no último dia de 2013 e segurou a posição por nove anos. Ele obteve um retorno nada menos que espetacular, acumulando, ao final do período, 23,5 vezes o valor investido (em dólares). Isso significa um retorno médio anual superior a 45%. A despeito do excelente desempenho, o caminho foi turbulento. Em três dos nove anos, o Bitcoin apresentou perdas. Em duas ocasiões, a perda acumulada em comparação ao máximo valor atingido anteriormente superou os 80% e os períodos necessários para a volta aos patamares anteriores aproximaram-se dos três anos.
Esses números ilustram como, historicamente, o Bitcoin recompensou fartamente os investidores com visão de longo prazo e que resistiram aos longos e tenebrosos invernos. Porém, nem todos os investidores têm esse perfil. Por serem ativos de alta volatilidade, o Bitcoin, em particular, e os criptoativos, em geral, atraem um grande número de investidores que buscam lucros de curto prazo, tentando acertar os momentos certos para entrar e sair do mercado. Essa estratégia pode ser mais arriscada do que parece à primeira vista.
A despeito do fantástico desempenho dos criptoativos no período de nove anos supracitado, caso o investidor tivesse perdido os 28 dias com maior retorno, ou seja, menos de um mês de um total de 108 meses, seu retorno acumulado cairia de cerca de 2250% para um valor ligeiramente negativo, em bom português, um prejuízo. Isso significa que estar fora do mercado em poucos momentos decisivos pode ter um enorme impacto no resultado final do investimento. É evidente que o mesmo raciocínio poderia ser feito no sentido contrário, que escapando de alguns dos piores dias pode-se melhorar muito o resultado final do investimento. Porém o ponto aqui apresentado é que, ao expor-se intermitentemente ao mercado, o investidor adiciona à incerteza inerente ao retorno do ativo uma variabilidade advinda da decisão de estar alocado ou não.
Para ilustrar esse efeito, podemos simular um grande número de investidores randômicos. A cada final de dia, cada investidor atira uma moeda para o alto e, se der cara, ficam alocados no Bitcoin e, caso contrário, ficam zerados. Simulamos dez mil resultados dessa “estratégia” aplicada entre 2014 e 2022. Há uma grande dispersão de resultados. Em 4.1% das simulações, obtém-se um resultado melhor que, simplesmente, mantendo a posição comprada o tempo todo. Esse, pode-se dizer, é o copo meio cheio. Na ponta oposta da distribuição, temos 3,9% dos casos nos quais, ao final do período, verificou-se um retorno negativo. Ou seja, mesmo estando comprado cerca de 50% do tempo em um ativo de alto rendimento, há uma chance não negligenciável de ter prejuízo.
Muitos investidores diriam, em sua defesa, que sua capacidade de escolher o momento de entrada e saída é melhor do que a total aleatoriedade representada pelo lançamento de uma moeda. A simulação aqui apresentada, entretanto, não considera os custos de transação, que costumam ser substanciais, especialmente para pessoas físicas. Isso torna ainda mais complicado ter sucesso com esse tipo de abordagem. Um estudo conduzido pelos economistas Bruno Giovannetti e Fernando Chague, da Fundação Getulio Vargas (FGV EESP) mostrou que a enorme maioria dos investidores pessoa física que realizam operações de day trade de futuros na B3 perdem dinheiro. Não seria de se esperar algo muito diferente no mercado de criptoativos.
A conclusão óbvia é que não se deve buscar acertar os momentos de ficar exposto a cripto e simplesmente manter a alocação ao longo do tempo, correto? Não é bem assim. Supondo que o investidor não seja alguém com um talento excepcional para, discricionariamente, decidir os momentos de entrada e saída do mercado, é provável que ele busque algum conjunto de regras para determinar essas ações. O mercado de criptoativos apresenta, sim, boas oportunidades para aplicações desse tipo de heurística. Porém, para ser bem sucedido, é fundamental que o investidor combine três fatores: rigor na fase de desenvolvimento e teste das regras, disciplina na implementação das mesmas e baixo custo de transação. É muito mais provável encontrar tal combinação em gestores profissionais do que em investidores individuais.
De volta ao jogador João Pinto, reza a lenda que, certa vez, um repórter perguntou-lhe se ele era supersticioso. “Não, isso dá azar”, teria ele respondido. No mundo dos investimentos, as decisões são tomadas sob incerteza e, naturalmente, os resultados observados a posteriori podem ser mais ou menos favoráveis. Nós, por vezes, interpretamos isso como sorte ou azar. Não obstante, há certas práticas que, a priori, já possuem alta probabilidade de fracasso, não importa o quão sortudo o investidor seja. Repetir tais comportamentos é dar muita chance ao azar.
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