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Bull Run ou Bull Trap: Oportunidades e riscos conforme cripto entra em 2023

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O mercado cripto está passando por um de seus inícios de ano mais fortes já registrados. O Bitcoin (BTC) teve o seu melhor mês de janeiro em cerca de dez anos (+40%), enquanto o Nasdaq Crypto Index (NCI) teve um desempenho semelhante (+38%), em seu terceiro melhor mês desde o início. Na Hashdex, nós somos sempre cautelosos em comentar muito a respeito do desempenho dos preços, mas com um começo tão forte para 2023, isso nos faz pensar se estamos presenciando o fundo do mercado de criptoativos ou não, e se estamos prontos para um novo mercado de alta.

Na quarta-feira, Samir Kerbage, CTO e Head of Products na Hashdex, e David Lawant, Head of Research da FalconX, juntaram-se ao Head of Global Content da Hashdex, Gerry O'Shea, para entender os desenvolvimentos mais recentes no espaço cripto, não apenas no que diz respeito ao que aconteceu em janeiro, mas voltando a 2022 e como os eventos do ano passado afetarão cripto em 2023. Com o objetivo de separar o sinal do ruído, aqui estão as principais conclusões desta grande discussão que você pode assistir no YouTube e LinkedIn.

Janeiro é reflexo de um cenário macro melhor e de um medo de contágio reduzido

O primeiro mês de 2023 foi positivo para os ativos de risco em geral, com destaque para cripto em meio a todas as classes de ativos. Isso foi consequência de dois fatores: (i) o medo de contágio da FTX e de outros atores centralizados em processo de falência vem diminuindo nas últimas semanas e (ii) há uma perspectiva macroeconômica muito melhor, com o mercado precificando que a inflação americana deve recuar para algo em torno de 2% daqui a um ano, junto com a expectativa de redução do ritmo de alta de juros pelo Fed, que já se concretizou na última reunião de janeiro. Se não houver recessão ou se ocorrer uma recessão leve, os ativos de risco podem se beneficiar muito, com cripto saindo na frente. Em particular, se voltarmos logo antes da queda do FTX no início de novembro, desde então, cripto superou o desempenho da maioria dos benchmarks em outras classes de ativos de risco, como o S&P 500 e o Nasdaq 100. Isso é definitivamente surpreendente, visto que uma das maiores exchanges de cripto do mundo provou ser uma fraude, levando consigo vários outros players importantes do mercado.

Mais cripto, mais regulação, mais cadeia

O problema da FTX teve e continuará tendo uma série de repercussões. Foi um marco importante para a indústria, a fim de aumentar a conscientização sobre questões relacionadas à regulamentação e estrutura de mercado, às quais os investidores de cripto, e os investidores institucionais em particular, passarão a prestar muito mais atenção. A longo prazo, a tese de investimento em cripto permanece intacta e está muito claro que o problema da FTX foi um problema independente, um problema de fraude no setor, não uma falha de cripto como um todo. Nesse sentido, três coisas são extremamente necessárias para que uma classe de ativos evolua e se torne dominante na carteira de investidores institucionais: (i) regulamentação – ter mais clareza sobre como indivíduos e instituições podem investir, todos os riscos envolvidos e as proteções desejadas; (ii) educação – entender como diferenciar entre bons e maus atores do mercado; e (iii) cadeia – malfeitores e fraudadores precisam ser devidamente penalizados. Essas três coisas têm acontecido recentemente.

Melhor infraestrutura e uma mudança geracional trarão a fase de banda-larga para cripto

Uma pergunta justa vinda de investidores institucionais em todo o mundo é qual é a real utilidade dos criptoativos. À semelhança de outras revoluções digitais, como os computadores pessoais nos anos 80 e a internet nos anos 90, é naturalmente muito difícil ver antecipadamente as implicações de novas tecnologias. Naquela época, podíamos descrever o potencial da internet e como transmitir um webcast ao vivo para centenas de pessoas parecia uma boa ideia, mas se alguém quisesse ouvir uma música, precisava passar doze horas baixando um MP3 e, a propósito, isso era pirataria. Essa é a mesma pergunta em cripto hoje. Há muita discussão em torno do BTC como reserva de valor, Ethereum como uma plataforma importante para a Web 3.0, tokens não-fungíveis (NFTs), finanças descentralizadas (DeFi), tokenização, etc. Mas se tentarmos utilizar essas tecnologias hoje, ainda é muito difícil.

Voltando algumas décadas atrás, duas coisas tiveram que acontecer para que a internet se tornasse uma ferramenta onipresente: (i) a infraestrutura precisava evoluir e (ii) uma mudança geracional precisava ocorrer. A evolução da infraestrutura da internet aconteceu no início dos anos 2000, durante a chamada fase de banda-larga. Para cripto, ela está acontecendo agora, com o Ethereum e suas soluções de escalabilidade e a Lightning Network no Bitcoin. Uma vez que isso esteja estabelecido, o que determinará a adoção de cripto é uma mudança geracional, que, via de regra, leva muitos anos. Para a internet, uma nova força de trabalho teve que chegar ao mercado, crianças que cresceram fazendo o dever de casa usando o Google e o Yahoo. Essa mudança geracional é muito importante porque a adoção de novas tecnologias não vem das gerações mais velhas. Essas não foram responsáveis pela adoção generalizada da internet, e as gerações mais velhas de hoje não serão responsáveis pela adoção de cripto.

Cripto não é mais uma promessa

Uma grande diferença entre o estágio em que estamos hoje e os mercados de baixa anteriores é que os aplicativos cripto agora são muito mais tangíveis. Em 2018, DeFi era apenas um conceito teórico, as stablecoins eram extremamente incipientes e os NFTs existiam apenas em alguns cantos muito distantes da comunidade cripto. Claro que havia a tese de investimento do Bitcoin como, ao invés de um hedge de inflação, uma proteção contra má gestão do sistema monetário, mas isso era tudo. Hoje, DeFi tem dezenas de bilhões de capital alocado. Foi testada em tempos de estresse de uma forma que nunca havia sido antes e funcionou muito melhor do que a maioria dos players centralizados de cripto. Os NFTs são uma nova e firme vertical que, mesmo com todo o hype em torno deles, são um receptáculo muito interessante para um punhado de ideias de tokenização. As stablecoins são talvez a maior aplicação em cripto no momento. Por fim, há também muitos aplicativos novos e empolgantes que serão muito mais viáveis em um mundo blockchain de maior escalabilidade, como redes sociais descentralizadas e infraestrutura física descentralizada. Em resumo, à medida que entramos na fase de banda-larga de cripto, existem vários aplicativos estabelecidos e um conjunto de novos que funcionarão melhor ou até darão origem a coisas completamente novas que não eram possíveis antes.

A bifurcação da estrutura de mercado em cripto

As coisas ruins que aconteceram em cripto em 2022 estavam claramente relacionadas à estrutura do mercado, não à classe de ativos em si. Isso é muito importante porque pessoas de fora do setor podem misturar as coisas e descartar o fato de que 2022 foi, de fato, ótimo para os fundamentos e o desenvolvimento da tecnologia blockchain. A estrutura do mercado para essa classe de ativos certamente ainda é falha, principalmente pela falta de regulamentação, que principalmente depois da FTX deve acelerar mundialmente. Os eventos do ano passado podem realmente levar a uma estrutura de mercado formando uma espécie de haltere: de um lado, players centralizados altamente regulados e seguros e, do outro lado, DeFi, talvez sem nada no meio. Para atores centralizados, coisas como uma exchange de cripto não ter um hedge fund funcionando em paralelo são bastante óbvias. Outras coisas são menos diretas e improváveis de acontecer da noite para o dia, como separar as atividades de bolsa, corretora e custodiante, o que exige a criação de acordos trilaterais. Mas a indústria certamente está caminhando e tendendo nessa direção.

Os ciclos do Bitcoin e a sua tese macro estão no radar

O Bitcoin tem se comportado historicamente como um pêndulo entre o medo e a ganância, seguindo um padrão interessante que parece estar se repetindo em diferentes ambientes macro e níveis de adoção: (i) há uma fase de alta (~12 meses) entre o topo histórico anterior (ATH) e o próximo, seguida por (ii) uma fase de baixa (~13 meses) onde o BTC cai de seu último ATH para um mínimo no máximo drawdown para aquele ciclo e, finalmente, (iii) uma fase de recuperação (~22 meses) em que o BTC vai de sua mínima daquele ciclo para seu ATH anterior. Parece que estamos no início da próxima fase de recuperação, onde é justo esperar que o BTC ainda tenha alta volatilidade e incerteza de preço, mas sem muito otimismo ou pessimismo, tendo como grande âncora o halving, que ocorrerá por volta de maio de 2024. Além disso, um pouco da tese macro do Bitcoin está se desenrolando. Houve mudanças bastante bruscas na política monetária mundial, passando de uma das políticas mais expansionistas das últimas décadas para um dos apertos monetários mais rápidos da história. Os bancos centrais estão mudando muito rapidamente, há questões geopolíticas e o mercado está falando sobre um potencial Bretton Woods III ou um novo tipo de sistema monetário. A longo prazo, há mudanças importantes acontecendo no cerne da ordem monetária global e o Bitcoin pode ter um grande papel a desempenhar, não nas próximas semanas ou meses, mas por muitos anos no futuro.

O alcance de cripto está crescendo e a regulamentação precisa acompanhar

A regulação tem sido um tópico cada vez mais central à medida que a indústria de cripto se torna mais relevante. Nos EUA, há muito mais conscientização entre os reguladores e legisladores sobre a cripto, a ponto de haver um bom número deles que são muito pró-cripto e que entendem esse setor profundamente, embora a legislação dos EUA ainda esteja muito atrás de Europa e América latina. Três tópicos principais na regulamentação de cripto no futuro próximo são:

  1. Stablecoins: o menos controverso, com algum tipo de regulamentação nos EUA provavelmente chegando em 2023;
  2. SEC x CFTC: status de valores mobiliários dos criptoativos e algo relacionado à estrutura do mercado em início de discussão;
  3. Congresso Republicano x Senado Democrata: o Congresso dos EUA está atualmente dividido, com os políticos com jurisdição sobre criptomoedas tendo opiniões bastante opostas: de um lado, há grandes apoiadores da indústria, do outro, grandes críticos..

Outro desafio é como regular as finanças descentralizadas, já que todo o ecossistema é construído sobre contratos inteligentes, ou seja, código que não possui controlador e é auto-executado em uma blockchain pública.

Criptoativos e Moedas Digitais de Bancos Centrais (CBDCs) são fundamentalmente diferentes

Quando as CBDCs estiverem disponíveis, o conceito de ativos digitais fazendo parte da vida diária das pessoas se tornará a norma. Na verdade, isso pode ser um catalisador para a adoção e usabilidade de criptoativos. E embora os CBDCs possam ser esse grande fator de normalização para o público em geral se acostumar a lidar com carteiras e chaves privadas, eles são fundamentalmente diferentes dos criptoativos e não competem diretamente com eles. Especialmente quando se trata de blockchains públicas, como o Bitcoin, essas tecnologias são muito mais sobre um sistema monetário não-soberano com base monetária fixa, dando mais privacidade e resiliência ao usuário, enquanto as CBDCs permitem fatores ligados ao controle discricionário da base monetária e mecanismos de vigilância. No final das contas, as CBDCs podem ajudar a integrar centenas de milhões de usuários à cripto, enquanto utilidades da tecnologia blockchain, como as stablecoins, podem ser aproveitadas pelos bancos centrais em seus projetos de CBDC, algo que já está sendo considerado por alguns países ao redor do mundo.

Investidores institucionais sabem que a adoção em massa de cripto é uma questão de “quando” irá acontecer e não “se” irá acontecer

O interesse institucional por cripto chegou em 2020 e não diminuiu significativamente em 2022 ou após o evento FTX. Investidores institucionais possuem um horizonte de investimento de muito mais longo prazo e têm processos de diligência e comitês de investimento muito mais longos do que um investidor de varejo típico faria. Não parece que essas decisões pararam, mas talvez não sejam tão apressadas quanto há seis ou doze meses. Enquanto no final de 2018, ou mesmo no início de 2020, os clientes institucionais costumavam perguntar se cripto havia acabado, agora eles querem saber se o fundo chegou e se estamos em uma fase de recuperação. Dessa forma, é justo dizer que os players institucionais estão vendo que a adoção em massa de cripto não é mais uma questão de “se”, mas de “quando”. E embora os clientes institucionais ainda solicitem uma abordagem de valuation adequada para cripto, seu crescente interesse em cripto mostra um claro sinal de amadurecimento para a classe de ativos, que a longo prazo provavelmente se comportará muito mais como os ativos tradicionais.

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