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Carta de encerramento 2020

Cartas Mensais

Edição especial escrita por: Fernando Ulrich, João Marco Braga da Cunha,  Luiz Nunes e Marcelo Romero.

 

Caros investidores,

 

Nesta carta final de 2020, escolhemos trazer a contribuição de renomados convidados, a fim de levar aos nossos leitores uma rica diversidade de perspectivas sobre o ano que se encerrou, e de visões acerca dos temas, em cripto e em investimentos, que serão relevantes nos próximos 12 meses.

 

Para autorar cada texto, escolhemos influenciadores, tanto do mercado financeiro tradicional, quanto do universo dos criptoativos. Fernando Ulrich (Sócio da Liberta Investimentos), Luiz Nunes (Sócio e Fundador da Forpus Capital), Marcelo Romero (CIO da Magnetis), e João Marco Braga da Cunha (Gestor de Portfólios da Hashdex), escrevem suas perspectivas acerca do novo ano e dissertam sobre os principais acontecimentos do ano que se encerra. Mais do que isso, os diferentes textos possibilitam ao leitor compreender o que aconteceu com o mercado de cripto até o atual momento - não só ao longo de 2020, mas também nos anos anteriores.

 

FERNANDO ULRICH

Sócio da Liberta Investimentos e autor do livro "Bitcoin: a moeda na era digital"



Do ponto de vista de fundamentos macroeconômicos, adentramos 2021 com ainda mais otimismo. Depois da caixa de pandora aberta pela pandemia, as principais autoridades monetárias do planeta manterão suas políticas de injeção de liquidez para suportar as economias e os mercados. Isso implica em desvalorização ainda maior das moedas estatais.

 

Sob a ótica do mercado de criptos, tendem a pesar -- como costuma acontecer de tempos em tempos -- as incertezas regulatórias mundo afora. A aura da regulação, obstrução e/ou restrição estará presente por muito tempo ainda nessa nova classe de ativos. Essa realidade traz riscos e oportunidades. Não altera, porém, o futuro promissor dessa tecnologia.

 

Especificamente sobre o bitcoin, o upgrade Taproot tem ganhado cada vez mais suporte dentro da comunidade, o que beneficiará significativamente o protocolo, trazendo mais eficiência, segurança e privacidade.

 

Obviamente, o preço na tela é o norte da maior parte dos investidores. Por este motivo, recomenda-se cautela no curto prazo, dado o forte rali no fim de 2020. Para o longo prazo, contudo, o destino ainda é a lua.

 

JOÃO MARCO BRAGA DA CUNHA

Gestor de Portfólios da Hashdex

 

O “annus mirabilis” de 2020 coloca as expectativas nas alturas quando pensamos no mercado de criptoativos em 2021. Um dos principais pontos de atenção será o ritmo da adoção de investidores institucionais ao mercado de cripto: será que freia, mantém ou acelera?

 

Uma pesquisa da Fidelity Digital Assets conduzida em meados do ano mostrou que cerca de um terço apenas do grupo de investidores institucionais pesquisados, da Europa e dos EUA, possuem investimento em cripto. Isso indica que o espaço para crescimento é enorme. É difícil, nesse cenário, imaginar uma redução no ritmo de adoção. Na verdade, quantos mais investidores entram em cripto e quanto mais renomados eles forem, mais fácil é a decisão para os novos entrantes. Por esse lado, podemos esperar uma aceleração da adoção em 2021. Além disso, dois eventos podem contribuir para esse cenário.

 

O primeiro deles é o IPO da Coinbase, maior exchange de criptoativos dos EUA, que possui sob custódia mais de US$ 25 bilhões de cerca de 35 milhões de clientes ao redor do globo. O IPO, cujo valuation é estimado em dezenas de bilhões de dólares, irá atrair as atenções do mercado financeiro tradicional para cripto. Muitos analistas e alocadores que, até agora, mantiveram uma postura de neutralidade serão obrigados a entenderem mais a fundo sobre o segmento para poderem se posicionar nessa ocasião. Será um grande teste sobre o apetite do mercado tradicional por criptoativos.

 

Outro evento que pode vir a ocorrer é o lançamento dos primeiros ETFs de criptoativos no mercado norte-americano. Com a substituição de Jay Clayton por Elad Roisman no comando da SEC (equivalente nos EUA à CVM no Brasil), a perspectiva de que uma regulação mais amigável aos criptoativos seja adotada reacenderam as esperanças de um ou mais ETFs listados nas bolsas de ações dos EUA. Isso seria, certamente, um grande facilitador para que investidores, tanto institucionais quanto individuais, invistam na classe.

 

Por fim, do ponto de vista técnico, os olhos do mercado de cripto estarão voltados para a implantação do Ethereum 2.0, que começou agora no fim de 2020 e deve durar mais alguns anos, com pelo menos uma fase nova em 2021. Esse pacote de mudanças promete aumentar a capacidade de transações da rede mantendo altos níveis de segurança. Para quem quiser entender mais sobre o assunto, recomendo a nossa Carta Mensal de outubro. Outro foco de muito interesse serão os avanços no segmento de DeFi, que deslanchou ao longo de 2020 e não deu sinais de perda de fôlego até o final do ano.

 

Apesar de ter sido excelente para os criptoativos, 2020 foi um ano desafiador e atribulado em diversos aspectos, com mudanças que foram incorporadas ao cotidiano das pessoas ao redor do mundo. Espero que 2021 mostre, definitivamente, que os criptoativos não podem estar de fora no “novo normal” das carteiras de investimento.

 

LUIZ NUNES

Sócio-Fundador da Forpus Capital



A Forpus tem como filosofia buscar retornos superiores aos índices de referência no longo prazo e, para isso, adota uma estratégia top-down setorial. Dessa forma, ao decidirmos investir na tecnologia blockchain, a tese não ficaria restrita apenas ao bitcoin.

 

O índice criado pela Hashdex (HDAI) emergiu como a alternativa mais adequada à nossa estratégia, permitindo investimento em uma cesta de criptoativos. O rebalanceamento trimestral garante exposição, ajustada pela relevância, às tecnologias vencedoras ao longo do tempo. Outra vantagem é a segurança na custódia dos ativos.

 

MARCELO ROMERO

Chief Investment Officer da Magnetis Investimentos 

 

 

Sobre o “fundamento”....

Bitcoin como “ouro digital”

Vem ganhando notoriedade a preocupação com uma onda inflacionária global decorrente da política monetária anticíclica em resposta à crise do coronavírus. Em meio ao caos do coronavírus os bancos centrais adicionaram trilhões de dólares aos seus balanços, monetizaram a dívida soberana em níveis recordes e geraram rendimentos reais negativos para níveis recordes da dívida (com efeito permanente).

A tese do Bitcoin como o “ouro digital”, inclusive tem sido o principal “driver” para que investidores institucionais mais tradicionais embarquem nesse mercado.  Esse processo deve continuar bem forte no primeiro semestre de 2021.

 

Ethereum 2.0

A rede Ethereum, que transacionou mais de 1 trilhão de dólares em 2020, está passando por uma série de melhorias relacionadas à escalabilidade, segurança e velocidade de transações. Quando implementada totalmente, estima-se que a rede 2.0 da Ethereum será capaz de processar mais transações por segundo do que a Visa e a Mastercard, e com muito mais segurança.

 

DeFi

Ao longo de 2020 o ecossistema de finanças descentralizadas cresceu exponencialmente na rede Ethereum. Desde protocolos de empréstimos P2P, market-making automatizado, asset management, derivativos e até relacionados ao ramo de seguros.

Mesmo ativos financeiros fungíveis, tais como ações e títulos, tradicionalmente negociados eletronicamente em bolsas de valores ao redor do mundo, já estão tendo suas versões “sintéticas”,  tokenizadas na rede Ethereum. Esse deve ser um movimento crescente em 2021.

O valor financeiro alocado em DeFi para empréstimos e “pools de liquidez” (para market-making automatizado) já ultrapassa a casa dos 20 bilhões de dólares. Em 2021, DeFi deve continuar a crescer e se sedimentar como o primeiro “use case” real para a tecnologia de smart contracts. Talvez, também comece a ganhar mais espaço no “mainstream”, investidores de varejo e/ou até mesmo com os institucionais.

 

Stablecoins

Versões tokenizadas de moedas fiduciárias atualmente já representam a maior parte das transações realizadas na rede Ethereum e um volume médio diário negociado maior do que a própria Bitcoin. Em 2020, as  principais stablecoins cresceram de um valor total de mercado de menos de 5 bilhões de dólares no início do ano, para mais de 20 bilhões de dólares. Em 2021 provavelmente mais pessoas vão passar a ter acesso à versão “digital” de moedas fiduciárias, vide os projetos de CBDCs (Central Bank Digital Currency) que vêm sendo discutidos por diversos bancos centrais, inclusive pelo Bacen. Esse tema, Stablecoins, inclusive é um dos que tem trazido mais controvérsia e preocupação para os reguladores, uma vez que representa um risco à estabilidade monetária das moedas fiduciárias e em última instância, à soberania dos BCs como agentes de política monetária e guardiões do poder de compra da moeda.

 

Sobre o racional quantitativo...

 

Diversificação

Por ser uma classe descorrelacionada das demais, a inclusão de Criptoativos tende a melhorar o retorno ajustado ao risco do portfólio. A inclusão da classe de Criptoptoativos (através do HDAI) nas carteiras geridas pela Magnetis, melhorou significativamente o resultado da função objetivo que buscamos maximizar no processo de otimização de carteiras, o “Diversification Ratio”, que é um subproduto da metodologia de construção do portfólio de “Máxima Diversificação”.

Na Magnetis o peso da alocação em Criptotoativos (HDAI) foi selecionado de forma que a volatilidade-alvo do portfólio de ativos de risco fosse a mesma que antes da alocação. Ou seja, o retorno esperado / sharpe aumentou sem aumentar a volatilidade esperada das carteiras.

 

Assimetria de payoff

Trata-se de uma alocação com características similares à carregar uma “call perpétua” no portfólio.

Existe um enorme potencial de valorização no médio e longo prazo caso o mercado de Criptoativos tenha sucesso, enquanto o risco de perdas é limitado ao (pequeno) percentual investido.

No longo prazo (10 anos), o  retorno “possível” (em 10% vezes) pode chegar a mais de 10x o valor investido. 

 

Ou seja, na nossa carteira mais arrojada, a “perda máxima” é de 2% do patrimônio, com um potencial de retorno de mais de 20% em 10 anos.

 

  1. Sendo a volatilidade histórica anualizada da classe em torno de 70% a.a.

  2. O índice de sharpe da classe no longo prazo de 0.30, equivalente ao índice de sharpe histórico de longo prazo do mercado de ações e de títulos americanos (1)

  3. Considerando 0% a taxa de juros livre de risco

  4. O retorno esperado da classe seria dado por:  (retorno - taxa livre de risco) = (volatilidade * sharpe) → Retorno = 21% a.a

 

Aplicando o Lema de Itô, podemos simular o valor da variável S após um intervalo de tempo T através da seguinte expressão:  ST = S0 * exp[(μ - vol^2 / 2)*T + vol*ε*sqrt(T)], 

onde ε é um número sorteado de uma distribuição normal padrão, isto é, ε ~ N(0,1),

μ é o drift do MBG, ou seja, o retorno médio do preço do ativo


Através de Simulação de Monte Carlo geramos N cenários utilizando o retorno esperado de 21% a.a. e a volatilidade de 70% a.a. da  classe de Criptoativos.  Os resultados indicam que em pelo menos 10% das vezes - em um horizonte de 10 anos - o retorno do investimento seria maior do que 10x o valor investido inicialmente.

 

  1. Lee Partridge, CFA, CAIA & Roberto Croce, Ph.D. “Risk Parity for the Long Run: Building Portfolios Designed to Perform Across Economic Environments”

 

FUNDOS DE INVESTIMENTOS HASHDEX

Confira a performance dos fundos da Hashdex e seus materiais de divulgação.

 

PERFORMANCE DO HDAI (USD) YTD 279,3% 

 

 

PERFORMANCE DO HDAI EM DEZEMBRO 35,2%

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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