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Carta Mensal Hashdex - Março 2022

Cartas Mensais

Caro investidor, 

A Web3 e o metaverso têm dominado as discussões da comunidade de criptoativos nos últimos meses. Debates a respeito do mérito dessas aplicações continuarão vivos, mas já está claro que protocolos baseados em contratos inteligentes (inglês: smart contracts) terão um impacto cada vez mais significativo no ecossistema de cripto.

Em março,  o Axie Infinity  e o The Sandbox entraram no  Nasdaq Crypto Index, elevando o status e a visibilidade do metaverso e o impacto de tecnologias Web3 sobre a indústria de games. No final do mesmo mês, a Hashdex lançou na B3 o Web311, um novo ETF que permite exposição a criptoativos baseados na tecnologia de contratos inteligentes que está revolucionando a internet. Na carta mensal deste mês, compartilhamos a nossa visão a respeito do ingresso desses protocolos no índice e a infraestrutura de contratos inteligentes que está impulsionando a nova fase da internet, a Web3.                

O mês de março também foi marcado por desenvolvimentos regulatórios nos EUA e no continente europeu. A Casa Branca publicou um decreto presidencial abordando o futuro do mercado de ativos digitais, deputados americanos enviaram uma carta à SEC questionando a sua atuação no mercado de cripto e, no outro lado do Atlântico, o Parlamento Europeu rejeitou uma proposta que visava limitar serviços associados a criptos que utilizam como mecanismo de consenso a Prova de Trabalho (inglês: Proof-of-Work, PoW), como o Bitcoin por exemplo.    

 

Como sempre, estamos disponíveis para esclarecer qualquer dúvida e receber o seu feedback. 

 

Boa leitura!

 

- Equipe Hashdex      

        

FUNDOS DE INVESTIMENTOS HASHDEX

Confira a performance dos nossos fundos:

 

PERFORMANCE DO NCI (USD) YTD -3,7%

 

PERFORMANCE DO NCI EM MARÇO +13,5%

 

PERFORMANCE DOS ATIVOS DO NCI

 

MARÇO: RECUPERAÇÃO DO PRIMEIRO TRIMESTRE

O mês de março começou com os mercados bastante agitados, ainda reagindo a notícias referentes à guerra na Ucrânia. O NCI abriu o mês em alta, na contramão de outros ativos de risco como ações, mas essa tendência foi rapidamente revertida. O índice chegou a acumular queda de mais de 10%, com o Bitcoin operando na casa dos 37.000 dólares. No dia nove, veio a público a informação de que o presidente Biden iria lançar um decreto com abrangência acerca de criptoativos e CBDCs (detalhes abaixo). A notícia foi bem recebida pelo mercado, que reverteu as perdas do mês.

Após alguns dias de nova queda, a segunda metade do mês mostrou uma clara tendência positiva. Um dos rumores ventilados à época foi de que a Rússia poderia aceitar Bitcoin como pagamento pelo petróleo e gás exportados. Já nos últimos dias do mês, a Luna Foundation Guard anunciou a compra de bitcoins para lastrear sua stablecoin UST animou o mercado. No dia 28, o NCI chegou a zerar as perdas no ano. Nos dias seguintes, porém, houve um recuo e o índice fechou o mês com alta de 13,5% e o primeiro trimestre com queda de 3,7%. 

Todos os constituintes do NCI tiveram retornos positivos em março. O melhor deles foi o Stellar Lumens, com alta de  23,2%, seguido do Ethereum, com 17,9%. O Bitcoin subiu 11,3% e o pior desempenho foi do estreante Sandbox, 7,5%. O CF DEFI Index, referência do ETF DEFI11 teve alta de 16,3%, enquanto o CF Smart Contracts Index, do ETF WEB311, subiu 20,1%. O resultado dos produtos denominados em reais foi prejudicado pela queda de 7,66% do Dólar frente ao Real.

 

NOTÍCIAS RELEVANTES:

CASA BRANCA PUBLICA DECRETO PARA GARANTIR O DESENVOLVIMENTO DO MERCADO DE ATIVOS DIGITAIS

O presidente dos EUA, Joe Biden, publicou (10/04) um decreto presidencial que tem como intuito garantir o “desenvolvimento responsável de ativos digitais". O conteúdo do documento surpreendeu positivamente investidores e resultou em uma alta de quase 9% no preço do Bitcoin.

O decreto estabelece diretrizes inéditas para que as várias entidades relevantes que compõem o governo americano respondam de forma coordenada ao crescimento da indústria de ativos digitais. O decreto não revelou alterações com impacto regulatório iminente sobre as criptomoedas. 

O decreto destaca prioridades relacionadas à segurança do investidor do sistema financeiro, a mitigação de riscos sistêmicos e do uso ilícito de ativos digitais e a proteção de interesses nacionais que contemple a importância de coordenar esforços com nações aliadas para fomentar a criação de um arcabouço regulatório internacional para ativos digitais.

O decreto também prioriza o apoio governamental aos avanços tecnológicos necessários para que seja estabelecido o design e a implementação responsável ​​de sistemas que priorizem a privacidade, segurança, combate à exploração ilícita e a redução dos impactos climáticos.

O decreto ainda revelou que o Tesouro Americano publicará um relatório sobre o futuro do dinheiro e dos sistemas de pagamento, abordando consequências para o crescimento econômico, a inclusão financeira e a segurança nacional.

Por último, designou  “a mais alta urgência" para estudos a respeito da viabilidade do dólar digital, que a Casa Branca entende ser uma iniciativa que pode afetar a competitividade e a hegemonia financeira dos EUA.

 

PARLAMENTO EUROPEU REJEITA PROVISÃO QUE LIMITA PROTOCOLOS DE PROOF-OF-WORK

A Comissão de Assuntos Econômicos do Parlamento Europeu rejeitou (14/04) uma provisão que buscava limitar os serviços de criptoativos que utilizam como mecanismo de consenso a Prova de Trabalho (inglês: Proof-of-Work, PoW), como o Bitcoin.    

O resultado de 30 votos favoráveis a 23 contrários garantiu que as preocupações ambientais em torno da dependência do Bitcoin no uso intensivo de eletricidade, expressas na proposta de estruturação de mercados de criptoativos tramitando pelo Parlamento Europeu, não resultasse em uma eliminação faseada do uso da criptomoeda mais valiosa do mundo dentro dos 27 membros da UE.

O Ethereum, a segunda maior criptomoeda por valor de mercado, também utiliza o mecanismo de consenso PoW, mas sua iminente migração para um modelo de Prova de Participação (inglês: Proof-of-Stake) o isentaria da imposição ambiental.

Apesar da vitória do Bitcoin a nível de comissão, o Parlamento da UE continuará discutindo o impacto ambiental dos ativos digitais por meio de esforços regulatórios distintos que ainda podem impactar o Bitcoin e outras criptomoedas.

 

BANCADA DA BLOCKCHAIN QUESTIONA DEMANDAS EXCESSIVAS DA SEC

Membros da Bancada da Blockchain do Congresso Americano, um grupo de legisladores com opiniões favoráveis ​a respeito dos criptoativos, enviaram uma carta ao comissário da Securities and Exchange Commission (SEC, análoga à nossa Comissão de Valores Mobiliários), Gary Gensler, buscando esclarecimentos sobre os requerimentos de informação enviados a empresas americanas da indústria dos ativos digitais.

O requerimento do grupo bipartidário, de autoria do representante de Minnesota Tom Emmer, demonstrou preocupação com o volume de inquéritos da SEC, buscando informações que garantam que a atuação da SEC não se exceda ao ponto de sufocar a inovação que ocorre na indústria de ativos digitais.

Gensler tem recebido críticas de investidores devido a sua abordagem regulatória proibitiva frente à indústria de ativos digitais. Desde novembro de 2021, a SEC rejeitou pelo menos cinco propostas que visavam lançar ETFs de Bitcoin à vista na NYSE. Em agosto de 2021, Gensler se referiu às criptomoedas como uma classe de ativos “cheia de fraudes, golpes e abuso”, comparando o mercado ao Velho Oeste (terra sem lei) durante discurso realizado no Aspen Security Forum.

O deputado Tom Emmer tem liderado iniciativas para conter o que ele entende ser o "impacto negativo – e potencialmente terá um impacto negativo muito grande – em investidores de varejo e oportunidades que empreendedores e inovadores podem oferecer” causado pela atuação de Gensler como comissário da SEC.  

 

FMI PEDE QUE ARGENTINA DESESTIMULE ADOÇÃO DE CRIPTOMOEDAS

O Congresso argentino e o Fundo Monetário Internacional (FMI) assinaram um novo acordo de US$ 45 bilhões mediante a garantia de que o governo desestimularia a adoção de criptomoedas. Embora a Argentina tenha um longo histórico de contrair dívidas com o FMI, com mais de 22 programas de dívida assinados ao longo de sua história, este é o primeiro acordo a incluir uma cláusula anti-cripto.

A promessa faz parte de uma carta de intenções, assinada pelo Ministro da Economia, Martín Guzmán, e pelo presidente do banco central, Miguel Pesce, onde o governo argentino promete “desencorajar o uso de criptomoedas com o objetivo de prevenir a lavagem de dinheiro, informalidade e desintermediação” para “salvaguardar ainda mais a estabilidade financeira”.

As criptomoedas ganharam popularidade como uma proteção contra a desvalorização do peso argentino devido a sua inflação descontrolada (IPC de 50,9% em 2021) e a escassez de dólares no mercado de câmbio. 

 

DESTAQUES HASHDEX:

 

A partir de março, dois novos criptoativos fazem parte do Nasdaq Crypto Index (NCI). 

Axie Infinity (AXS) é uma plataforma de jogos que utiliza um modelo de remuneração que recompensa jogadores pelo tempo e esforço gasto jogando, e desenvolvendo o ecossistema (inglês: play-to-earn). O jogo utiliza a tecnologia blockchain e permite que jogadores colecionem e criem animais de estimação chamados de axies.

The Sandbox é um mundo virtual onde jogadores podem construir, possuir e monetizar suas experiências de jogo na blockchain Ethereum usando o token utilitário da plataforma, SAND. O acesso à plataforma é gratuito e também contempla um modelo de remuneração play-to-earn. O universo virtual do The Sandbox é composto por imóveis e terrenos digitais. O jogo possibilita a criação de ativos digitais na forma de NFTs, que são comercializados em um mercado e podem ser utilizados no universo do jogo. 

O ingresso desses dois ativos no NCI destaca a crescente importância dos jogos e aplicativos relacionados ao Metaverso para o ecossistema de criptomoedas. Tanto o AXS quanto o SAND têm uma capitalização de mercado superior a US$ 3 bilhões e contam com bases de usuários em rápida expansão.

A Hashdex, a maior gestora de criptoativos da América Latina, contratou a advogada Nicole Dyskant como nova chefe global do jurídico e compliance. Dyskant começou em fevereiro e trabalhará da sede da empresa, no Rio de Janeiro. A advogada liderará uma equipe com 6 pessoas e está contratando mais uma, disse ela em entrevista.

Nesta terça-feira (29), a gestora de ativos brasileira Hashdex anunciou a contratação de Laurent Kssis como seu novo diretor administrativo e head da Europa, para liderar a expansão da companhia para o continente.

Kssis atuava como diretor administrativo e head global de produtos negociados em bolsa (ETPs) na emissora suíça 21Shares. Segundo o comunicado feito hoje, Kssis listou mais de 25 ETPs cripto na região e ajudou no crescimento de ativos sob gestão da companhia, de US$ 20 milhões para US$ 1,75 bilhão.

Começou a ser negociado na sexta-feira, dia 1º, o WEB311, um ETF que vai investir nas principais plataformas de contratos inteligentes, uma nova tecnologia cuja adoção ainda é incipiente mas que promete mudar a cara da internet.

 

TEMA DO MÊS:

Contratos Inteligentes e a Web3: a evolução da colaboração humana  

Os esforços colaborativos da  humanidade continuam a caminhar em direção a novos patamares. Os contratos convencionais, que permitem transações comerciais ou acordos legais, são caros, ineficientes e vagarosos. Como solução a isso, surgem os contratos inteligentes: acordos digitais autoexecutáveis, que não dependem de um intermediário para que seus termos e condições sejam aplicados de maneira apropriada. 

Os contratos inteligentes garantem o direito de propriedade descentralizada, utilizando a tecnologia de blockchain para estabelecer os pilares que possibilitam a auto-custódia de ativos e a garantia de propriedade por meio de outros participantes da rede. Dentro de uma única carteira digital, um usuário pode armazenar a sua poupança, suas ações, músicas, obras de arte, colecionáveis ​​de video games, nomes de domínio e até mesmo informações do mundo real. Tudo isso sem recorrer a um terceiro de confiança como, por exemplo, um banco, pois o usuário mantém o controle soberano de suas informações e ativos por meio de sua chave privada. Da mesma forma que computadores e a internet transformaram os mercados e as indústrias convencionais, os contratos inteligentes atuarão como catalisadores de uma nova era de disrupção. 

Plataformas de contratos inteligentes passam por um momento de rápido crescimento, já contemplando uma capitalização agregada de US$ 460 bilhões. Os contratos inteligentes também estão alimentando muitos dos casos de uso das criptomoedas mais promissoras – incluindo organizações autônomas descentralizadas (ingles: Decentralized Autonomous Organization, DAO) e aplicativos de finanças descentralizadas (ingles: Decentralized Finance DeFi) – e constituem peças integrais da infraestrutura necessária para a Web3, o foco da nossa carta deste mês (para mais informações sobre aplicativos de contrato inteligente, consulte o Hashdex Smart Contracts Primer).

 

A ascenção da WEB3

Nos primórdios da internet (“Web1”), os usuários encontravam informações por meio de browsers como o Netscape Navigator e usavam serviços financeiros e plataformas de comércio eletrônico como o PayPal e a Amazon. A infraestrutura de computação era majoritariamente descentralizada, mas ainda não era possível interagir com o conteúdo e os aplicativos da web. Nos anos 2000, a próxima iteração da internet – Web2 – liberou pela primeira vez a conectividade contínua para todos que possuíam um smartphone. Um grande avanço na forma como as pessoas se comunicam e interagem foi impulsionado pelo boom das mídias sociais – como  Facebook, Twitter e YouTube – possibilitando novas soluções e modelos de empreendimentos, permitindo que usuários anunciem livremente seus produtos e serviços, monetizem conteúdo e transmitam notícias e informações na forma de tweets. Os serviços de big data e computação em nuvem dessas empresas representaram a maneira ideal de iniciar a revolução da informação. Como resultado, a internet se centralizou nos data centers da AWS, da Alphabet e do Meta.

Com a viabilização da garantia de propriedade digital por meio de contratos inteligentes e a infraestrutura de blockchains descentralizadas, os usuários podem se tornar independentes de empresas centralizadas para anunciar, monetizar ou vender seus produtos e serviços digitais pela Internet. Este é o início da Web3. Em um mercado descentralizado, todo criador de conteúdo tem a capacidade de vender ou ganhar royalties em suas músicas e vídeos. Os artistas criam sua própria galeria digital, viabilizando a compra dos seus produtos digitais por outros usuários. Os jogadores ganham um incentivo adicional para passar horas em seu videogame favorito, que agora, dentro do metaverso, se torna mais atraente devido a possibilidade de ganhar recompensas e monetizar seus colecionáveis ​ para obter lucros no mundo real.

Essa transição para uma nova web, “de propriedade dos construtores e usuários, orquestrada por tokens”, já está criando camadas adicionais de valor sobre ativos tangíveis e digitais dos mercados convencionais. Independentemente do país, poder econômico e outros fatores externos que influenciam a vida das pessoas, os contratos inteligentes desmaterializam valor, acordos e propriedade, promovendo a segurança dos ativos e liberando o seu verdadeiro potencial.

 

Casos de uso da WEB3

Os aplicativos executados em plataformas de contratos inteligentes são criados por meio  de contratos inteligentes na forma de protocolos. Os protocolos são um conjunto de funcionalidades e regras por meio das quais os usuários finais interagem, e um jogo de incentivos que motiva a atividade dos usuários e os recompensa por serviços prestados. As finanças descentralizadas (DeFi), por exemplo, dominaram as discussões sobre contratos inteligentes nos últimos dois anos, mas existem muitas outras aplicações para essa tecnologia em ascensão. A seguir, abordamos algumas das maneiras como os contratos inteligentes são utilizados na Web3.

 

  • Cultura Digital: Tokens não fungíveis (NFTs) são uma das principais funcionalidades introduzidas pelos contratos inteligentes, dando vida a um novo conceito de escassez digital baseada na tecnologia blockchain e permitindo a criação de colecionáveis ​​como ativos que vivem dentro de uma plataforma de contratos inteligentes. Esses colecionáveis ​​podem fazer parte de uma comunidade de usuários seletos, itens para jogos online ou até mesmo músicas e videoclipes de produtores musicais independentes.

 

  • Arte Digital: Artistas usam NFTs para criar retratos e pinturas digitais, monetizando esses ativos facilmente e negociando criações em mercados descentralizados. Uma característica importante dos NFTs é que um artista pode ganhar uma parte do valor de sua arte toda vez que a peça é comprada ou vendida, permitindo que ele receba royalties, gerando uma fonte de renda passiva de longo prazo.

  • Play-To-Earn: um conceito novo que impulsiona os NFTs ao transformar os itens e personagens de um jogo em ativos únicos vivendo em uma blockchain. O usuário pode continuar aproveitando os recursos funcionais dos seus bens colecionáveis, mas o Play-to-Earn agora permite que ele negocie esses bens em um ambiente externo ao seu jogo preferido.

  • Criação de conteúdo: DAOs e NFTs estão introduzindo a possibilidade de que plataformas descentralizadas para criação de conteúdo possam finalmente florescer. Essa abordagem é governada por usuários através de ativos da blockchain. Os criadores são  recompensados ​​por mecanismos orientados pela comunidade, sem depender de serviços centralizados para que seu conteúdo seja publicado e distribuído. As plataformas descentralizadas também ajudam os criadores a evitar o risco de perderem acesso à plataforma sem aviso prévio ou por motivos infundados.

Os contratos inteligentes fornecem a infraestrutura para uma infinidade de casos de uso e novos aplicativos. À medida que esse setor evoluiu e os usuários passaram a adotar o Ethereum, ou mesmo  plataformas de contratos inteligentes alternativas, como Solana e Cardano, tornou-se evidente que mais de uma plataforma  preencherá essa parte do setor de cripto, com  cada uma  encontrando seu próprio nicho dentro da criptoe conomia. Arte digital e jogos são duas áreas em que alguns paralelos de mercado endereçáveis ​podem ser feitos entre os mercados convencionais e os novos serviços oferecidos pelos protocolos de contrato inteligente.

 

Arte Digital

Com a rápida transição para o mundo digital e o surgimento de NFTs com tecnologia de contrato inteligente, artistas agora podem criar uma economia de arte digital mais aberta e vibrante. Isso sugere que há espaço para o crescimento no mercado global de arte. Em 2021, o mercado de NFTs de arte digital alcançou um volume total de negócios de mais de US$ 23 bilhões, o equivalente a quase metade das vendas mundiais de belas artes físicas e antiguidades em 2020 (US$ 50 bilhões). O OpenSea, um mercado de NFTs administrado por um grupo privado, alcançou recentemente uma avaliação de US$ 13 bilhões após uma nova rodada de investimentos. Rarible, outro mercado de NFTs, é um protocolo com um conjunto de ferramentas para criação e comercialização de NFTs. A Rarible tem um volume total de negociação de US$ 274 milhões, com mais de 400.000 NFTs criados e 1,6 milhão de usuários.

Games

Os NFTs também encontraram um grande caso de uso na indústria de jogos, aparecendo na forma de colecionáveis ​​​​raros e personagens. No início de 2022, a indústria de jogos baseados em blockchain ultrapassou US$ 5 bilhões em saldos para os 10 jogos com o maior número de usuários. Quando a comparamos com a indústria tradicional de jogos, avaliada em mais de US$ 170 bilhões em 2020, torna-se evidente que ainda há amplo espaço para o crescimento do mercado de jogos em blockchain.

Desafios e Riscos Potenciais

Semelhante à adoção de outras tecnologias, os contratos inteligentes vêm com seu próprio conjunto de riscos inerentes. Sem uma abordagem apropriada, tais riscos podem configurar entre as principais causas de perdas financeiras para os usuários. Embora a transparência integral garantida  por blockchains ofereça um tremendo potencial para substituir intermediários tradicionais e automatizar a entrega de serviços, há riscos a serem ressaltados que incluem:

  1. Risco do desenvolvedor:  a implementação de contratos inteligentes não requer nada além do domínio de conhecimento de programação necessário para escrever algumas linhas de código. Sendo assim, vulnerabilidades podem ser exploradas, se apresentando na forma de backdoors inseridas por um desenvolvedor malicioso ou como resultado de processos de auditoria inadequados, ou a ausência de precauções tomadas antes do início da execução do contrato inteligente.

  2. Operação da Blockchain: A execução de contratos inteligentes depende da operação adequada da blockchain subjacente. Como nenhuma autoridade central é responsável pela administração do sistema, o risco associado ao uso dessa infraestrutura recai efetivamente sobre os usuários finais.

  3. Governança: A maioria dos novos projetos de cripto emite tokens para recompensar a comunidade envolvida no desenvolvimento inicial e na captação de recursos. Como os proprietários dos tokens de governança podem votar nas propostas de atualização do protocolo, alguns participantes podem ter um peso desproporcional nas decisões, dependendo da distribuição inicial dos token. Como resultado, um grupo mais centralizado da comunidade pode determinar os resultados das votações.

  4. Falta de clareza regulatória: governos buscam se adequar às inovações desse setor. Muitos esforços até agora se resumem em estruturas para a ampliação de políticas internacionais de combate à lavagem de dinheiro e o combate ao financiamento do terrorismo para serviços de cripto, mas o impacto definitivo dessa intervenção regulatória ainda é incerto. 

 

Olhando para a frente

Ao fornecer serviços que vão desde aplicações financeiras à arte digital, a tecnologia dos contratos inteligentes já provou ser um grande impulsionador de disrupção na economia tradicional.

Nos últimos anos, vimos indicações claras de que as principais plataformas da Web3 provavelmente evoluirão para um cenário em que o vencedor controla a maioria do mercado, com o Ethereum provavelmente mantendo a sua dominância, e outras plataformas alternativas fornecendo vantagens auxiliares para segurança, altas velocidades e baixos custos de transação. No passado, camadas 1, como Algorand e Tezos, que evitavam adotar a compatibilidade com a Ethereum Virtual Machine (EVM) como um recurso integrado, estavam em desvantagem em relação aos concorrentes compatíveis com a EVM. Essa tendência, no entanto, deu sinais que está minguando, com algumas alternativas de camada 1, como Solana e Terra, ganhando popularidade e participação de mercado devido às suas velocidades de transação altas e custos de transação mais baixos.

Com um mercado endereçável total que pode ultrapassar US$ 250 trilhões, as oportunidades para essa nova infraestrutura de computação global são infinitas e apresentam amplo espaço para diferentes concorrentes reivindicarem participação no ecossistema. Certamente existem desafios, como a incerteza regulatória e questões de escalabilidade, ainda assim acreditamos que o futuro dessas tecnologias é incrivelmente promissor.

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