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Cinco questões com Bruno Passos, Head of Operations da Hashdex

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Desde seu início, mitigar riscos e remover atritos para o investimento responsável no mundo de criptoativos tem sido a missão da Hashdex. O foco na gestão de risco e na seleção das contrapartes é uma das razões que nos fez evitar exposição à FTX, Alameda e ao token FTT. Nesta discussão, abordamos as melhores práticas que resguardam investidores das consequências de eventos adversos como esses. Também abordamos o impacto do congelamento de saques da Gênesis Global Capital, os três critérios mais importantes na avaliação de um provedor de serviço e como esses eventos devem afetar a indústria como um todo no futuro.           

Chris: Há muito a ser discutido a respeito do que ocorreu no mês de novembro. As consequências do colapso da FTX devem continuar se desdobrando no curto prazo, mas vamos começar com o que já sabemos. O que ocorreu com  a FTX e como esse evento impactou a Hashdex?      

Bruno: Primeiro, a Hashdex não tem qualquer tipo de exposição à FTX, ao token FTT ou à Alameda. Abordarei de forma mais detalhada os processos que implementamos para mitigar o risco de exposição a esses tipos de investimentos, mas em relação ao que aconteceu na semana passada, o que sabemos é que o comunicado da Binance, que revelou a intenção da exchange de liquidar a sua posição em tokens de FTT, gerou uma corrida a resgates na FTX no dia 6 de novembro.   

Foi revelado que a FTX pode ter um rombo de US$8 bilhões no seu balanço, possivelmente como consequência de um empréstimo feito à Alameda (cujo dono é o fundador da FTX) mediante uma garantia em tokens FTT usando, indevidamente, depósitos de clientes da exchange. Essa sequência de eventos comprometeu a confiança de investidores, causando uma queda na liquidez e a queda nos preços dos criptoativos.     

Antes desses eventos, a reputação do Sam Bankman-Fried, fundador da FTX, era de um prodígio do mercado que fomentava a democratização dos criptoativos. A sua presença na mídia e a sua participação nos debates de políticas públicas dos EUA fomentou essa narrativa.  A sua consequente queda foi comprometedora e representou um revés para a indústria de cripto. 

Ainda assim, é importante não perder de vista dois fatos. Primeiro, a promessa de cripto continua viva. Esse evento foi causado por práticas abusivas cometidas por um ator centralizado, sem medidas de proteção aos investidores, resultando nesse fracasso. Segundo, esse evento salientou que ETFs, ETPs e outros fundos regulados continuam a ser os melhores veículos para investidores que buscam acesso seguro ao ecossistema de cripto.        

Chris: Na semana passada, uma subsidiária da Digital Currency Group, a Genesis Global Capital, congelou os saques de clientes temporariamente. Qual foi o impacto sobre a Hashdex e outras gestoras de cripto.  

Bruno: A Hashdex não tem qualquer tipo de relação com a Genesis Global Capital. Já usamos a Genesis para realizar operações over-the-counter (OTC), mas não temos qualquer tipo de exposição  à Genesis no momento. Abordamos esse fato detalhadamente em uma carta aos clientes na semana passada. Além disso, nossos fundos não realizam empréstimos, operações alavancadas, ou utilizam derivativos de criptoativos. Finalmente, nossa política de gestão de risco não permite que os nossos ativos sejam custodiados em exchanges ou com contrapartes de trading (e.g. OTCs e market makers).

Para mitigar risco, usamos uma longa lista de custodiantes aprovados que incluem a Fidelity Digital Assets, a Coinbase Custody (segregados da exchange), a BitGo Trust, e a Anchorage Digital Bank. Temos regras muito rígidas que ditam a seleção de custodiantes, incluindo a exigência de serem licenciados por reguladores conceituados nos EUA, terem  seguro, e que os ativos sejam legalmente e tecnologicamente segregados. Acreditamos que os nossos processos rígidos de due diligence e nosso foco em controles operacionais ajudam a impedir que eventos como os que aconteceram com a Genesis e a FTX gerem impactos materiais para os nossos cotistas.      

Chris: Nesse contexto, quais perguntas devem ser direcionadas por investidores aos seus gestores de ativos de cripto? 

Bruno: Bem, eles devem fazer várias perguntas! Mas existem perguntas específicas que acreditamos que o investidor deve priorizar em vista do contexto atual. 

Por exemplo, como esse universo de ativos digitais é definido? Esse filtro impediria investimentos do FTT, LUNA, etc?   

Uma metodologia rígida deve estar por trás do processo de seleção dos criptoativos para o portfólio de cada fundo. Por isso, desenvolvemos, em conjunto com a Nasdaq, o Nasdaq Crypto Index™ para garantir que investidores possam se beneficiar de um benchmark de calibre institucional que não permite a entrada de ativos que não atingem patamares mínimos de liquidez, capitalização de mercado e outros importantes critérios como o suporte de custodiantes qualificados e exchanges selecionadas..        

Outro questionamento que deve ser feito é: o que o gestor do fundo pode fazer com os ativos? Investidores devem estar cientes de todas as operações, como empréstimos ou outras atividades, que estão sendo feitas no interesse dos cotistas. Essas atividades podem agregar risco de contrapartes para os cotistas e devem ser divulgadas para que investidores possam mensurar o grau de risco envolvido e—mais importante—confirmar como a receita dessas atividades está beneficiando os cotistas. Além de tudo isso, investidores devem estar cientes caso o gestor tenha outra linha de negócios que pode criar um conflito de interesses.      

Obviamente existem outras perguntas importantes a serem feitas, por exemplo: como os ativos são custodiados por entidades qualificadas? O fundo investe em derivativos ou diretamente nos criptoativos? Existe rehipotecaçào dos ativos sob custódia ? Como os provedores de serviço são selecionados?  

Chris: Em relação ao que você mencionou sobre a seleção de provedores de serviço, você pode abordar os critérios mais importantes a serem considerados durante esse processo seletivo?  

Bruno: Levamos muitos pontos em consideração, mas acho que os três componentes mais relevantes a serem considerados durante esse processo são: 

Primeiro, o provedor de serviço deve utilizar as melhores práticas de custódia disponíveis. Entre essas, a garantia da segregação dos ativos do fundo e a utilização de estruturas desconectadas da internet. A custódia deve exigir assinaturas múltiplas e a distribuição geográfica de chaves criptográficas que mitigam a existência de um único ponto fraco ou o risco de homem chave (chamado de key-man risk). Não existem casos documentados de contas, que utilizam esse patamar de segurança, que foram comprometidas.         

Segundo, a qualidade e efetividade do processo operacional do custodiante deve ser confirmado por um auditor independente de boa reputação. Esse processo de auditoria pode ser resumido em relatórios de SOC 2 Tipo II (Service Organization Control) e incluem detalhes da operação e opinião sobre os controles adotados pela instituição. Assim como oPlanos de Continuidade de Negócios (inglês: Business Continuity Plan). Além disso, buscamos apólices de seguro contra o furto e a perda de chaves privadas, para proteção contra eventuais fraudes em caso de furto interno.         

Por último, os OTCs devem aderir a padrões rígidos, como serem licenciados nas suas respectivas jurisdições, além de disponibilizarem as suas estruturas corporativas que analisamos em detalhe. Essas demandas permitem ajustes às nossas políticas internas de risco de contraparte para liquidação de operações.      

Marcelo, o nosso CEO, compartilhou detalhes sobre o nosso foco operacional em uma carta aos investidores, que foi enviada na semana passada. À medida que os efeitos do colapso da FTX vão se desdobrando, continuaremos a monitorar o impacto sobre os nossos provedores de serviços. 

Chris: O que a falência da FTX e os seus efeitos significam para o futuro do ecossistema de cripto?   

Bruno: No curto prazo, investidores continuarão a enxergar o mercado de cripto com grande grau de ceticismo que só será superado com iniciativas educacionais promovidas pela indústria. No longo prazo, creio que esse momento deve ressaltar o valor da gestão de risco e de operações.      

Fundos de investimentos regulados continuam a ser a forma mais segura de acessar o ecossistema de cripto. Como muitos investidores com ativos custodiados em exchanges aprenderam esse ano, investir diretamente em cripto envolve muitos desafios e riscos. Muitas exchanges não são reguladas em aspectos importantes de finanças tradicionais, pouco transparentes e contam com poucas salvaguardas para os seus clientes. Ao considerar a segurança oferecida pela estrutura regulada de um ETP, torna-se claro que pagar uma taxa modesta para um gestor é um custo pequeno a pagar pela tranquilidade de saber que o seu investimento está seguro.      

Também é importante ressaltar que o mercado de cripto continua funcionando como deveria. Desde o início de 2020, todos os principais criptoativos mantiveram as suas políticas monetárias e sua funcionalidade operacional. A tese de investimento do Bitcoin continua mais relevante do que nunca, o Ethereum está se tornando mais escalável e os projetos de Finanças Descentralizadas (DeFi) continuam a provar o seu valor em meio a um ambiente de investimento desafiador.        

No final das contas, esta indústria continua extremamente promissora. A nossa equipe continua tão otimista sobre o potencial de cripto do que quando fundamos a Hashdex há quatro anos atrás. 

 

[1] Binance Walks Away From Deal to Rescue FTX, Wall Street Journal, November 10, 2022

[2] A única exceção é o Hashdex Bitcoin Futures ETF, que é listado nos EUA e investe em contratos futuros de bitcoin listados na CME. 

 

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