O NCI fechou o domingo (18/12) 4,5% abaixo do fechamento da semana anterior. Esse movimento foi influenciado principalmente pelo ether (ETH), que recuou 7,2%, enquanto o bitcoin (BTC) caiu 2,5%.
Na esteira de uma semana em que preços se mantiveram estáveis, investidores se preparam para o último anúncio de política monetária do Fed (BC dos EUA) em 2022 enquanto ficavam atentos para novos desenvolvimentos relacionados à contaminação causada pela implosão da FTX.
Após uma queda típica de final de domingo, os ativos digitais ingressaram na segunda-feira em alta. Preços continuariam a leve trajetória positiva até a virada para a terça-feria, momento em que os preços iniciaram um forte rally que durou em torno de 6 horas.
O otimismo em torno da leitura do índice de preços ao consumidor (CPI, em inglês), que estava prestes a ser divulgada, levou os preços a decolarem. Quando o relatório foi publicado, algumas horas depois, a expectativa do mercado foi confirmada, dando novo fôlego à alta.
A leitura do CPI de novembro mostrou que os preços subiram apenas 0,1% (expectativa: 0,3%) no mês, levando o acumulado de doze meses para 7,1% (expectativa: 7,3%), o menor nível registrado da base anualizada desde novembro de 2021.
A tendência de alta durou até a abertura das bolsas americanas, quando os preços passaram por uma leve correção. Todos os principais índices de equities dos EUA fecharam em alta, em sincronia com os ativos digitais. O BTC e o ETH registraram alta de ~4% na terça-feira.
Na quarta-feira, o FOMC anunciou uma alta de 50 bps, quebrando a série de 4 altas consecutivas de 75 bps. Com a alta, a Fed funds rate atingiu o seu maior patamar em 15 anos (4,25% - 4,5%).
O anúncio era amplamente esperado, já que Jerome Powell, presidente do BC dos EUA, havia comentado que provavelmente seria o momento apropriado para moderar o ritmo do atual ciclo de altas.
Não obstante, o mercado reagiu positivamente à confirmação do fim da série de 75 bps, levando o BTC e o ETH a registrarem suas respectivas altas semanais de US$18.320 e US$1.343.
Contudo, o otimismo macro teve vida curta, com preços retomando patamares anteriores ao anúncio de política monetária durante o período da tarde já no mesmo dia. Durante a sua coletiva, Powell proferiu discurso de tom bastante hawkish, aproveitando o momento para reiterar seu compromisso incessante com o combate à inflação, a ser estendido até 2023.
Paralelamente, os investidores de cripto se assustaram com dados que destacaram um fluxo enorme de recursos deixando os cofres da Binance. A maior exchange do mundo perdeu mais de US$ 1 bilhão em AUC em menos de 24 horas.
Seja qual for a dinâmica que levou a Binance a sofrer tantos saques, a mesma não aparenta ter afetado outras exchanges centralizadas, já que o fluxo de saída de recursos da Bianance superou o de todas as outras exchanges juntas durante a terça-feira.
Na quinta-feira, os preços dos ativos digitais iniciaram uma leve tendência de baixa, antes de despencar na tarde da sexta-feira. Manchetes destacavam o fato de que a sangria da Binance já representava uma perda de US$6 bilhões em AUC entre segunda e quarta.
O CEO da Binance, Changpeng “CZ” Zhao, buscou tranquilizar investidores por meio de entrevistas concedidas à mídia. “Investidores podem sacar 100% dos ativos custodiados na Binance, não teremos problema independente do dia”, afirmou CZ em entrevista concedida ao canal CNBC.
Além do alarmante fluxo de saída, a Binance também revelou que a Mazars, empresa que realiza uma “auditoria” de prova de reservas, tinha pausado a sua avaliação da Binance e de outras empresas do ecossistema de cripto. A Mazars revelou posteriormente que a pausa foi devida a “preocupações em torno de como os seus relatórios estão sendo interpretados pelo público”, esclarecendo que “o seu relatório de prova de reservas “não representa uma garantia ou uma confirmação.”
A crescente preocupação com a solvência da Binance levou o ETH e o BTC a registrarem as suas respectivas baixas semanais, de US$16.650 e US$1.168, na tarde da sexta-feira. Durante o fim de semana, os preços dos ativos digitais andaram de lado em torno dos níveis atingidos na sexta-feira.
Destaques da semana
Os destaques do calendário macro da semana incluem PIB dos EUA na quinta-feira e a divulgação do Índice de Preços para Despesas com Consumo Pessoal (PCE, em inglês), também dos EUA, na sexta-feira. Ambos devem influenciar expectativas a respeito do ambiente macro entrando em 2023. Investidores de cripto devem continuar acompanhando a entrada e saída de ativos da Binance, apesar de que, segundo matéria da Bloomberg, o volume de ativos deixando a custódia da exchange já diminuiu em relação à primeira metade da semana passada.
Mais sobre a fala de Powell
Jerome Powell frustrou os investidores que esperavam sinais de mudança na postura do Fed após diversos aumentos na taxa de juros. Em vez disso, durante a conferência de quarta-feira, se ouviram declarações como “será preciso ter evidências mais consistentes (de que a estabilidade de preços foi atingida)” e “obtivemos menos progresso do que o esperado na redução da inflação”.
Powell não demonstrou maiores preocupações com os potenciais efeitos negativos do juro em alta sobre a economia. Porém, o gráfico de dispersão do Fed mostrou que os oficiais do FOMC esperam que a taxa não passe de 5% em 2023, nível que seria com mais dois ou três aumentos (dependendo das magnitudes) até a estabilização no ano que vem.
Se os índices de inflação continuarem demonstrando desaceleração dos preços na base anual, o foco poderá ser deslocado para os indicadores do mercado de trabalho, que têm se mantido consistentemente fortes apesar das altas de juro.
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